Meditação

Diz São João Gerson que quem não medita as verdades eternas não pode, a não ser por milagre, viver como cristão. A razão é que, sem meditação, não há luz e se caminha na escuridão. As verdades da fé não se enxergam com os olhos do corpo, mas com os olhos da alma, quando nosso espírito as medita. Quem não faz meditação sobre as verdades eternas, não pode vê-las e por isso anda no escuro, facilmente se apega às coisas sensíveis e por causa delas despreza os bens eternos.Santa Teresa escreveu: “Embora pareça que não há imperfeições em nós, descobrimos grande número delas, quando Deus faz ver o nosso íntimo, o que ele costuma fazer na meditação”. São Bernardo também escreveu: “Quem não medita, não julga com severidade a si mesmo, porque não se conhece”. A oração controla nossos afetos e dirige nossos atos para Deus; mas sem oração, os afetos de nossa alma se apegam à terra, nossas ações acompanham os afetos e assim tudo acaba em desordem.

É impressionante o que se lê na vida da venerável irmã Maria Crucifixa quando rezava, como que ouviu um demônio gloriar-se de ter feito uma religiosa deixar a meditação. Em espírito viu que, após essa falta, o demônio tentava a religiosa a cometer uma falta grave e ela já estava para consentir. Correndo depressa, chamou-lhe atenção e livrou-a da queda. Dizia Santa Teresa que quem deixa a meditação “em pouco tempo se torna um animal ou um demônio”.

Dizia São Luís Gonzaga: “Não existirá muita perfeição, se não existir muita meditação”. Reparem bem nesta frase as pessoas que amam a perfeição! Santa Catarina de Bolonha dizia: “Quem não medita muito, fica sem o laço de união com Deus. Nesta situação não será difícil para o demônio, encontrando a pessoa fria no amor de Deus, levá-la a se alimentar com uma fruta envenenada”.

Santa Teresa também dizia: “Quem persevera na meditação, mesmo que o demônio a tente de muitas maneiras, tenho certeza que Senhor a levará ao porto da salvação… Quem não pára no caminho da meditação, chegará ainda que tarde”. Também dizia que: “O demônio se esforça muito em afastar a pessoa da meditação porque ele sabe que as pessoas perseverantes na oração estão perdidas para ele”.

… “Quantos bens se conseguem na meditação! Dela nascem os bons pensamentos, manifestam-se nossos piedosos afetos, desenvolvem-se os grandes desejos, tomam-se às resoluções firmes de se dar inteiramente a Deus.Dessa maneira, a pessoa lhe sacrifica os prazeres terrenos e todos os desejos desordenados.

Na Oração nasce ainda o desejo de se retirar à solidão ficar a sós com Deus, e o desejo de conservar o recolhimento interior nas ocupações externas e necessárias.Disse “ocupações necessárias”, isto é, seja por causa da direção da família, seja por causa dos próprios deveres, ou dos trabalhos exigidos pela obediência. Mesmo assim pessoas de oração devem amar a solidão e não se dissipar em ocupações extravagantes e inúteis; do contrário, perderão o espírito de recolhimento, este grande meio de manter a união com Deus: “És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa”. Nossa alma, esposa de Jesus Cristo, deve ser um jardim fechado a todas as criaturas, não admitindo outros pensamentos e ocupações que não sejam de Deus ou para Deus. Os corações dissipados não se tornam santos.

Os santos que se dedicam a conquistar pessoas para Deus, não perdem o recolhimento mesmo entre as canseiras da pregação, do ouvir confissões, do reconciliar inimigos, do assistir os doentes. O mesmo acontece com aqueles que se dedicam ao estudo. Quantos estudam muito e se esforçam para se tornar sábios e acabam não se tornando nem sábios nem santos.A verdadeira sabedoria é a sabedoria dos santos: “Saber amar a Jesus Cristo”. O amor de Deus traz consigo a ciência e todos os bens: “Com ela me vieram todos os bens”, isto é, com a caridade. Quem deixa a oração por causa do estudo não busca a Deus, mas a si mesmo.

O maior mal além disso é que sem meditação não se reza.Dizia o bispo de Osma, João Palafox: “Como podemos conservar a caridade, se Deus não nos dá a perseverança? Como o Senhor nos dará a perseverança, se não a pedimos? Como a pediremos sem oração? Sem oração não existe comunicação com Deus, para se manter a vida cristã”. De fato quem, não faz meditação enxerga pouco as necessidades de sua alma, não conhece bem os perigos a que se expõe para se salvar, nem os meios que se deve usar para vencer as tentações. Assim conhecendo pouco a necessidade da oração, deixará de rezar e certamente se perderá. (A prática do amor a Jesus Cristo, Sto. Afonso Maria de Ligório)


O Cântico de Maria
O Cântico de Maria

A partir de um chamado forte ao meu coração de deixar-me ser mais envolvido aos cuidados de Deus, como que respondendo um novo sim ao Projeto do Reino surgiu então O Cântico de Maria.

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